Na maciota

Coisas que decidi experimentar para a vida ser menos monótona

jul 23, 2024

Olá, como vão?

Edição nova porque um milagre aconteceu na minha vida e eu não sei se devia falar tão explicitamente numa newsletter. Não tem nada a ver com necessidades fisiológicas, prometo. É que eu tava tomando um remédio horrível para a depressão, um remédio que tirou toda a minha vontade de existir, restando a mim dormir por tardes a fio e ainda assim ir deitar às 20h. Aí um dia eu cansei dessa palhaçada e mandei um áudio para a minha psiquiatra demandando a retirada dele, e ela achou que já era hora, mesmo. O milagre foi que no dia seguinte eu já estava com outro ânimo, inclusive de escrever. E hoje vou falar das coisas que ando fazendo para combater o tédio que por vezes essa depressão traz.

“Tentar algo novo” é uma recomendação dada por dez entre dez gurus da criatividade e do bem-viver (que fique claro que não falo disso com certeza. Eu mal digo meu próprio nome com certeza), e no começo do ano, ainda com os pulmões cheios da lufada de novidades que um novo período costuma me trazer, decidi fazer alguns experimentos, que descrevo abaixo:

Deixar o cabelo crescer sem medida

Eu já tive toda a sorte de cortes de cabelo possível, exceto um: cabelo pela altura da cintura. Nem sei se o meu cresce desse tanto, mas resolvi tentar. Quero parecer que abandonei as normas estéticas por completo, que larguei mão da vida como um todo. Aí eu corto bem curto de novo.

Aprender a tocar bateria

Eu sou aquariana, né. Nunca que eu ia querer aprender a tocar guitarra ou baixo, muito mainstream. Fui então atrás de um baterista muito paciente e didático para aprender a tocar, e fiquei orgulhosa do pouco que consegui. Problemas de agenda e da minha depressão incapacitante fizeram com que eu abortasse as aulas sob a promessa de uma hora retomar. Justo agora que minha irmã me deu uma bateria-pad de brinquedo!

Voltar para a natação

Mais uma aventura que durou pouco. Como já contei aqui, fui nadadora em outra vida, competindo aos finais de semana e angariando um número ok de medalhas de bronze e prata. Voltei a fazer natação numa academia onde o vestiário era minúsculo e a turma de hidroginástica, numerosa. Com isso, um dia estava me trocando e bati a mão sem querer na bunda de uma senhora, e isso foi o suficiente para reconsiderar minha decisão.

Sentir o ombro doer ao nadar também foi um gatilho de trauma que eu não precisava, xô tendinite!

Fazer uma aula de Fit Dance

Ou oito minutos. A coreografia começava com uma sarrada no ar, dada por uma professora de um metro e meio, corte químico aparente, cílios com volume russo e aquela legging que dá uma franzidinha no rêgo pra deixar a bunda mais evidente. Nada contra, é que o conjunto da obra era pitoresco. Uma pena que eu não tenha conseguido apreciar mais da aula porque, desculpa, o punhinho na testa da sofrência foi demais para mim.

Aqui entram também os 20 minutos de tentativa de aula de Step, sendo que a última que eu havia feito foi em 1997 com a professora Dani (saudades, Dani!). Não aguentei encarar a realidade de que eu estava velha e fora de forma, peguei minhas coisas e fui embora.

Aceitar mais convites/ Fazer trilha

São um mesmo item porque um levou a outro. Tenho um amigo muito querido aqui na cidade que é um bicho do mato: cuida de um sítio onde pratica permacultura, cria abelhas e produz frutos para fazer infusões em pinga e espumantes naturais. Nos damos muito bem, mas temos interesses que às vezes divergem.

Decidi, um dia depois do meu aniversário, aceitar o convite para fazer uma trilha no sítio dele, em mata fechada, que ia dar num riacho de água fresca. Foi horrível e maravilhoso ao mesmo tempo. Abrir caminho com um facão sob a ameaça de encontrar onças e tamanduás não é meu conceito de diversão, mas chegar ao final da trilha e encontrar o riachinho com pedras magnéticas, ambientado no silêncio mais puro que já pude prestigiar, foi um presente. Melhor então, terminar o dia comendo tilápia frita no Pesqueiro do Carçudo, no bairro da Enxovia, era algo inimaginável ao aceitar um convite desses. Semanas depois, fomos nos aventurar numa cachoreira em Angatuba, onde tomei um baita tombo nas pedras e apertei um sapo sem querer. Foi ótimo!

Aceitar convites pode ser uma cilada pros introvertidos porque há um mundo de possibilidades os esperando lá fora, longe do sofá. Todavia, é por isso mesmo que decidi aceitar mais convites: eu já sei até onde pode ir minha estadia no sofá, mas, se você me chamar pra ir numa quermesse seguida de missa de sétimo dia e apresentação da Gal Costa cover*, eu posso ter sobre o que escrever no dia seguinte.

*Pode ou não ter acontecido.

Meu nome é Bia Bonduki, e eu sou escritora. Quer dizer, eu sou meio pau pra toda obra, mas em 2022 eu lancei meu primeiro livro, Até contentar o coração, e usei desta newsletter para fazer as atualizações do processo, junto com outras incursões que fazia no passado – delivery de pratos árabes, meus textos no Medium e o podcast Eu Tive Um Sonho. Agora, por aqui, falo da vida em geral, das coisas que tomam espaço na minha cabeça e me mantêm acordada por mais tempo, além de fazer recomendações de coisas que li/ouvi/assisti/conheci.

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